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Fatores de mau prognóstico nas laringites pós-intubação

O estudo intitulado “Post‐Intubation Acute Laryngeal Injuries: Analysis of Predictive Factors of Poor Prognosis” foi publicado na revista The Laryngoscope em maio de 2025.


Teve como objetivo principal revisar o manejo endoscópico das lesões laríngeas agudas pós-intubação em crianças, analisando os desfechos desses tratamentos e identificando possíveis fatores associados a um prognóstico desfavorável, a partir de uma coorte retrospectiva de pacientes pediátricos atendidos em um hospital terciário no Brasil.


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Métodos:

  • Tipo de estudo: Coorte retrospectiva.

  • Período: Janeiro de 2019 a dezembro de 2022.

  • Local: Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil.

  • População:

    • 59 pacientes pediátricos com diagnóstico endoscópico de lesão laríngea aguda pós-intubação.

    • Idade: 0 a 14 anos.


Procedimentos realizados:

  • Todos os pacientes foram tratados com técnicas endoscópicas:


    • Dilatação com balão.

    • Reintubação com tubo de menor calibre, revestido com pomada antibiótica e corticosteroide.


Variáveis analisadas:

  • Frequência de reintubações.

  • Número de intervenções endoscópicas.

  • Tempo entre as intervenções.

  • Necessidade de traqueostomia como desfecho.


Resultados:

  • Dos 59 pacientes,


    • 50 (84,74%) tiveram sucesso no tratamento endoscópico.

    • 9 (15,25%) evoluíram para falha, necessitando de traqueostomia.


Fatores preditivos de mau prognóstico (associados à falha):

  1. Intervalo curto entre a recorrência dos sintomas e as novas intervenções endoscópicas.

  2. Número de reintubações com pomada antibiótica e corticosteroide.

  3. Número de intervenções endoscópicas realizadas.

  4. Número de dilatações com balão.


Esses fatores apresentaram associação estatisticamente significativa com a necessidade de traqueostomia.


A presença de algumas lesões agudas como edema subglótico, edema glótico e estenose glótica posterior foi estatisticamente associada a pior prognóstico na análise univariada.

Os autores acreditam que a associação observada do edema glótico se deve ao efeito de multicolinearidade, confirmado na análise multivariada. Segundo eles, quando o edema glótico está isoladamente presente, não indica um pior desfecho, mas frequentemente ocorre junto ao edema subglótico, este sim associado a um prognóstico desfavorável.


Conclusões:

  • O manejo endoscópico é eficaz na maioria dos casos de lesões laríngeas agudas pós-intubação em crianças.

  • A identificação precoce de fatores de risco (como múltiplas intervenções e recidiva rápida de sintomas) é essencial para ajustar a abordagem terapêutica e reduzir a necessidade de procedimentos cirúrgicos mais invasivos.

  • O protocolo utilizado (reintubação com pomada + dilatação balonada) demonstrou ser uma boa estratégia inicial.

  • A necessidade de traqueostomia foi significativamente associada ao acúmulo de procedimentos e à rápida recorrência de sintomas.


Implicações clínicas:

  • Sugere-se que crianças que precisem de múltiplas intervenções endoscópicas devem ser consideradas como de alto risco para progressão a estenose laríngea crônica e necessidade de traqueostomia.

  • A decisão pela continuidade do tratamento endoscópico ou pela indicação de cirurgia aberta deve ser baseada na frequência das recidivas e na resposta clínica.


Leia na íntegra:

Lira NE, Kuhl LP, Maróstica PJC, Schweiger C. Post‐Intubation Acute Laryngeal Injuries: Analysis of Predictive Factors of Poor Prognosis. Laryngoscope. 2025; DOI:10.1002/lary.32256.

 
 
 

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