Fatores de mau prognóstico nas laringites pós-intubação
- dra.barbarasalgueiro

- 24 de mai.
- 2 min de leitura
O estudo intitulado “Post‐Intubation Acute Laryngeal Injuries: Analysis of Predictive Factors of Poor Prognosis” foi publicado na revista The Laryngoscope em maio de 2025.
Teve como objetivo principal revisar o manejo endoscópico das lesões laríngeas agudas pós-intubação em crianças, analisando os desfechos desses tratamentos e identificando possíveis fatores associados a um prognóstico desfavorável, a partir de uma coorte retrospectiva de pacientes pediátricos atendidos em um hospital terciário no Brasil.

Métodos:
Tipo de estudo: Coorte retrospectiva.
Período: Janeiro de 2019 a dezembro de 2022.
Local: Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil.
População:
59 pacientes pediátricos com diagnóstico endoscópico de lesão laríngea aguda pós-intubação.
Idade: 0 a 14 anos.
Procedimentos realizados:
Todos os pacientes foram tratados com técnicas endoscópicas:
Dilatação com balão.
Reintubação com tubo de menor calibre, revestido com pomada antibiótica e corticosteroide.
Variáveis analisadas:
Frequência de reintubações.
Número de intervenções endoscópicas.
Tempo entre as intervenções.
Necessidade de traqueostomia como desfecho.
Resultados:
Dos 59 pacientes,
50 (84,74%) tiveram sucesso no tratamento endoscópico.
9 (15,25%) evoluíram para falha, necessitando de traqueostomia.
Fatores preditivos de mau prognóstico (associados à falha):
Intervalo curto entre a recorrência dos sintomas e as novas intervenções endoscópicas.
Número de reintubações com pomada antibiótica e corticosteroide.
Número de intervenções endoscópicas realizadas.
Número de dilatações com balão.
Esses fatores apresentaram associação estatisticamente significativa com a necessidade de traqueostomia.
A presença de algumas lesões agudas como edema subglótico, edema glótico e estenose glótica posterior foi estatisticamente associada a pior prognóstico na análise univariada.
Os autores acreditam que a associação observada do edema glótico se deve ao efeito de multicolinearidade, confirmado na análise multivariada. Segundo eles, quando o edema glótico está isoladamente presente, não indica um pior desfecho, mas frequentemente ocorre junto ao edema subglótico, este sim associado a um prognóstico desfavorável.
Conclusões:
O manejo endoscópico é eficaz na maioria dos casos de lesões laríngeas agudas pós-intubação em crianças.
A identificação precoce de fatores de risco (como múltiplas intervenções e recidiva rápida de sintomas) é essencial para ajustar a abordagem terapêutica e reduzir a necessidade de procedimentos cirúrgicos mais invasivos.
O protocolo utilizado (reintubação com pomada + dilatação balonada) demonstrou ser uma boa estratégia inicial.
A necessidade de traqueostomia foi significativamente associada ao acúmulo de procedimentos e à rápida recorrência de sintomas.
Implicações clínicas:
Sugere-se que crianças que precisem de múltiplas intervenções endoscópicas devem ser consideradas como de alto risco para progressão a estenose laríngea crônica e necessidade de traqueostomia.
A decisão pela continuidade do tratamento endoscópico ou pela indicação de cirurgia aberta deve ser baseada na frequência das recidivas e na resposta clínica.
Leia na íntegra:
Lira NE, Kuhl LP, Maróstica PJC, Schweiger C. Post‐Intubation Acute Laryngeal Injuries: Analysis of Predictive Factors of Poor Prognosis. Laryngoscope. 2025; DOI:10.1002/lary.32256.
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